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Ir à padaria na Alemanha pode ser algo… complicado…

Se você, leitor ou turista brasileiro em Berlim ou em qualquer outra cidade alemã, não sabia dessa “verdade absoluta”, eu vou lhes contar: os alemães adoram pão. Só para se ter uma ideia, uma média de 85 kg de pão são ingeridos por ano no país de Goethe. Porém, não é apenas o fator quantidade que expressa esse “amor” dos alemães. Também o quesito variedade demonstra que a leste do rio Reno, pão é coisa quase “sagrada”. Diz-se que na Alemanha existem nada mais, nada menos que 300 tipos diferentes dele. A foto abaixo deixa mais evidente essa afirmação:

Fonte: Stil in Berlin
Fonte: Stil in Berlin

Historicamente, o pão já é produzido há milhares de anos, mas voltou a tornar-se popular, ao menos na Europa, na Baixa Idade Média, ou seja, do século XI em diante. Nessa época, a Alemanha nem mesmo existia, muito menos a vizinha França, também famosa por um tipo de pão, a baguete. O território dos dois países pertencia ao Império Carolíngio, que logo se desmembraria, tendo como consequência o surgimento da França e do Sacro-Império Romano-Germânico. Na França, o trigo, por questões climáticas, abundava. Mas não pense que todo mundo comia o mesmo tipo de pão: a farinha de trigo refinada era artigo de luxo e pão branco, portanto, só existia na mesa de pessoas muito abastadas. Os povos germânicos, por sua vez, nem podiam pensar em criar um discurso de status social a partir do pão que se põe à mesa, já que o clima a leste do Reno não favorecia a produção de trigo, muito menos refinado. Resultado: os alemães tiveram que se contentar com o centeio, espécie de grão considerada venenosa até a Baixa Idade Média, para a produção do pão. 

O pão de centeio também pode ser crocante :) (Fonte: Brotbackforum.de)
O pão de centeio também pode ser crocante 🙂 (Fonte: Brotbackforum.de)

Eles desenvolveram tantas formas de produzi-lo, torrá-lo e moê-lo que levaram, por fim, a essa variedade surreal de pães. Sem contar que logo passaram a misturar o centeio com aveia, cevada e, com o desenvolvimento de novas técnicas agrícolas, o trigo. Nem precisamos ser matemáticos e entender de probabilidade para imaginar o tanto de misturas que foram possíveis de se alcançar com estes quatro grãos.  O francês que ainda insiste com seu discurso nacionalista dirá que a baguete é quase que “patrimônio culinário da humanidade” ou que é muito melhor comer pão branco e crocante em detrimento dos pães cheios de grãos, escuros e de diferente consistência feitos na Alemanha. O alemão retrucará que o francês nunca foi talentoso o bastante para diversificar e criar tantos tipos de pão. 

Não deixe de experimentar o pão com vários grãos (Fonte: Baeckerei Brante)
Não deixe de experimentar o pão com vários grãos (Fonte: Baeckerei Brante)

Apesar dessa “guerra secular” entre estes povos que, aliás, infelizmente não se resume a diferentes formas de se produzir pão, o fato é que tanto a baguete francesa quanto o pão alemão (portanto, os pães) são algo imperdível de se comer, quer você esteja na França ou na Alemanha. 

Em meu próximo post, vou dar dica de duas padarias imperdíveis em Berlim. Mas lembre-se: será difícil escolher um pão que lhe agrade, pois todos vão lhe saltar aos olhos de tão deliciosos que parecem ser… e o são. 

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