História

Qual o significado das cores da bandeira alemã?

Fonte: Lottosend
Fonte: Lottosend

Falar de bandeiras de países soa a nacionalismo, faz-nos lembrar das aulas de Educação Moral e Cívica na escola, matéria que se tinha no período da ditadura militar no Brasil. Meu interesse, claro, não é falar do verde-amarelo da bandeira brasileira, mas sim, contar um pouco da história das cores da bandeira alemã.

Duas correntes explicam as cores da bandeira alemã

Há algumas teorias para explicar a escolha das listras preta, vermelha e dourada que sempre se destacam na TV, nas manhãs de domingo no Brasil, mais precisamente depois de uma corrida de Formula 1… A primeira teoria versa que as cores da bandeira alemã remetem às cores do uniforme que os combatentes alemães, mais conhecidos por “Caçadores de Lützow”, usavam durante a Guerra de Libertação contra Napoleão nos idos de 1813. O francês havia pulverizado o Sacro Império Romano-Germânico (o Primeiro Reich) no ano de 1806. Os tais “caçadores” vestiam preto com indumentárias em vermelho. Restavam aos botões dos casacos a cor dourada.

A outra teoria não foge muito desta mesma história de uniforme ou de Guerra de Libertação. O que a diferencia da anterior mencionada é que tais uniformes eram dos estudantes da famosa Universidade de Jena, onde o filófoso Hegel deu aulas. Em 1818, tais estudantes, descontentes com a calmaria generalizada na Alemanha pós-Napoleão e com a restauração de ideais conservadores totalmente distantes dos apregoados pela Revolução Francesa, fundam um grêmio estudantil, em alemão, Burschenschaft, e assumem tais cores.

Adolf Hitler discursando no Lustgarten, em Berlim. À esquerda na foto, pode-se ver a Catedral Protestante (Fonte: Rare Historical Photos)
Adolf Hitler discursando no Lustgarten, em Berlim. À esquerda na foto, pode-se ver a Catedral Protestante (Fonte: Rare Historical Photos)

As cores, por sua vez, carregam grande simbolismo e não se afastam dos fatos que estavam por trás das lutas do povo para se chegar à liberdade, quer seja diante de Napoleão ou dos elos do passado que retornavam depois da derrota do “superstar” francês do século XIX. A cor preta seria o símbolo da pólvora, enquanto que o vermelho representaria o sangue derramado nas batalhas. Já a cor dourada estaria associada ao cintilar das flâmulas (essa palavra é bastante conhecida de nosso hino, mas a nossa flâmula é verde-louro). Havia quem cantasse no século XIX, época em que os ideias do nacionalismo estão à flor da pele na Europa em geral e na Alemanha em particular, e até mesmo no Brasil, que a Alemanha, da noite (o preto) e do sangue derramado (o vermelho), surge para enaltecer a luz dourada da liberdade…

Se com a derrota de Napoleão, o que surge é a Liga Alemã e seus 37 Estados presididos pela Áustria dos Habsburgo, o próximo passo dessa história será a deslegitimação deste aglomerado político pela poderosa Prússia.

É um homem chamado Otto von Bismarck, chanceler do reino da Prússia sob o reinado de Guilherme I, que conduzirá a Alemanha à unificação em 1871.O nacionalismo alemão culminou na construção do Segundo Reich (a Áustria está ausente deste empreendimento, diga-se de passagem). E quais as cores da bandeira do Império Alemão? Claro: preto, vermelho e dourado. E assim será até os anos da República de Weimar (1919-1933), depois da Primeira Guerra Mundial.

Bandeira da extinta Alemanha Oriental (Fonte: Flaggenplatz.de)
Bandeira da extinta Alemanha Oriental (Fonte: Flaggenplatz.de)

Com o nazismo, a suástica ganha destaque

Haverá um triste momento, mais precisamente entre 1935 e 1945, em que a bandeira alemã assumirá a forma da bandeira do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, o partido de Adolf Hitler. Com a derrota do mentecapto austríaco e sua trupe, a bandeira alemã voltará a ser preto-vermelho-dourada. Porém, uma variante da bandeira original surgirá na Alemanha Oriental, a Alemanha socialista. Em 1959, os socialistas agregam à famosa bandeira os símbolos que remetem à luta do proletariado pela “liberdade” através do trabalho, quer seja ele na fábrica (daí o martelo), no campo (por isso a foice) ou o trabalho intelectual, representado por um círculo.

Em 1990, com a reunificação alemã, a bandeira oficial será a que conhecemos até o dia de hoje. Porém, diferente da bandeira brasileira, há uma versão com o brasão das armas da República: está é a bandeira só pode ser vista na residência do presidente alemão.

Como eu já disse, esse texto parece ser aula de Educação Moral da época da ditadura por apresentar um conteúdo que eu entendo como prestes a entrar em erosão. Afinal, estamos falando de um símbolo criado em uma época que o nacionalismo era um sentimento predominante. Hoje ele é confrontado com ideias cosmopolitas e de caráter supranacional. Talvez querer viajar para Berlim faz parte, não sempre, claro, dessa vontade de cosmopolitismo.

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