Dentre as montadoras alemãs de automóveis, a Volkswagen é, sem dúvida, a que mais tem sucesso no mercado brasileiro. O que muitos talvez não saibam é que a Volkswagen, em alemão, “carro do povo”, remonta ao período nazista, já que sua data de fundação é 1938. Nesse ano, Hitler já estava há 5 anos no poder e se preparava para dar início à Segunda Guerra Mundial.
“Economize 5 marcos por semana se quiser dirigir seu próprio carro”: esse era o slogan nazista já no início dos anos 30. Muita gente seguiu o conselho do Partido Nacional-Socialista, porém o tão sonhado carro só chegou em meados de 1938, quando no dia 26 de maio Adolf Hitler lançou a pedra fundamental da primeira fábrica da Volkswagen em uma pequena cidade da Baixa Saxônia, Fallersleben (Wolfsburg).
Porsche foi designado desenhista do Fusca
Nos anos 30, a Alemanha estava longe de ser o país com o maior número de automóveis na Europa. Perdia de feio para França e Grã-Bretanha e passava longe, com seus 500 mil carros registrados, dos 26 milhões de automóveis que corriam pelos Estados Unidos. Logo que Hitler toma o poder, ele deixa muito claro seu projeto: a construção de um carro que correria a 100km/h, com lugar para 4 pessoas, barato e que gastaria pouco combustível. Ferdinand Porsche seria o desenhista deste protótipo que, futuramente, levaria o nome de Käfer (besouro) ou Fusca.
Com Ferdinand Porsche alçado a homem máximo da Volkswagen, dá-se início à construção de automóveis feitos para o povo. Para que os primeiros Fuscas tivessem preços acessíveis, Porsche enviou engenheiros seus aos EUA com o intuito de que aprendessem com o processo de montagem de automóveis idealizado por Henry Ford. A linha de montagem fordista havia barateado os preços de automóveis sobremaneira, transformando-os em bens de consumo para as massas.
A construção de uma cidade é necessária
Em 1938, viviam em Fallersleben 857 pessoas. Com a mobilização de tantos trabalhadores para a recém-criada fábrica da Volkswagen, uma nova cidade deverá surgir, Wolfsburg, como passará a ser chamada pelos Aliados a partir de 1945. Wolfsburg se encontrava em local perfeito para o escoamento da produção de automóveis: próxima à ferrovia, à rodovia recém-construída e a um canal fluvial importante da parte central da Alemanha.
No entanto, o prometido “carro do povo” nunca chegou ao povo. A partir de 1938, fábrica da Volkswagen abrigou 20 mil prisioneiros de campos de concentração que, em vez de construir um automóvel civil, foram forçados a produzir minas, bombas e um veículo militar que seria usado na Segunda Guerra Mundial.
Passados quase 80 anos, essa triste história ficou para trás e a Volkswagen é símbolo de orgulho dos alemães. Tanto que muitos deles e muita gente de outros países visitam a Autostadt (cidade do automóvel) em Wolfsburg para saber do passado, do presente e do futuro da Volkswagen.