Há um pouco mais de 100 anos, mais precisamente em 1912, uma expedição de arqueólogos alemães, a Deutsche Orient-Gesellschaft, sob a direção de Ludwig Borchardt, encontrava em Amarna, no Egito, no ateliê do importante escultor do reinado de Akhenaton, Tutmés, uma das peças artísticas que carregam das maiores auras na atualidade: o busto de Nefertiti. Ele está para o Neues Museum (o nome em alemão para o Novo Museu ou Museu Egípcio) assim como a Mona Lisa está para o Museu do Louvre, em Paris.
Akhenaton, também conhecido como Amenófis IV, faraó da décima oitava dinastia, é também conhecido por ter conduzido o Egito a uma revolução monoteísta, a Revolução de Amarna. A partir de seu governo, os deuses do povo egípcio passaram a ser progressivamente levados ao “ostracismo espiritual”. Tebas, a capital da poderosa civilização, cujo deus reverenciado era Amon, passa a ter como cidade “rival” a desaparecida Akhetaton, atual Amarna, sendo esta o local de celebração do deus sol, Re ou Aton. Não apenas isso: as representações de Amon em hieroglifos passam a ser destruídas, assim como outras deidades, como Horus (deus dos céus) ou Osíris (deus da vida no além), deixam de existir ou então passam a ser compreendidas como elementos integrados ao corpo de Aton, perdendo, portanto, seu status de deuses.
Tutancâmon restabeleceu o politeísmo no Egito
Apesar deste período durar apenas os anos em que Akhenaton esteve no poder (aprox. 1364 a.C. até 1352 a.C.), sua produção artística foi bastante profícua, passando a influenciar para sempre a arte do Egito Antigo. Tutancâmon, sucessor de Akhenaton, restabeleceu o status quo anterior ao reinado deste, liderando uma empreitada de destruição total da herege revolução monoteísta. Há muitos bustos e representações desta época que foram completamente desfigurados.
Aos que se interessam por este período e querem não somente ver o busto de Nefertiti, a esposa de Akhenaton, mas também um pouco de peças da vida cotidiana de Amarna, bustos representativos da arte local e ainda uma extensa documentação das escavações da Deutsche-Orient Gesellschaft, eu sugiro uma visita ao Museu Egípcio. Nestes dias em que o Museu de Pérgamo está órfão de sua mais importante peça, o Altar de Pérgamo, nada melhor do que comprar uma entrada para mais de um museu na Ilha dos Museus e compensar aquela falta com outros highlights dos museus do centro de Berlim.
O Museu Egípcio abre suas portas diariamente entre 10h e 18h, com a ótima exceção das quintas-feiras, quando o museu funciona até às 20h. A sugestão é comprar uma entrada no valor de 18 euros para os cinco museus da Ilha dos Museus, já que o Museu de Pérgamo é outra maravilha imperdível e mesmo o Museu Antigo, cujo arquiteto é nada mais, nada menos que Karl Friedrich Schinkel. Entrada válida apenas para o Museu Egípcio ou Neues Museum custa 12 euros.
Eu, particularmente, acho imperdível e só posso desejar-lhes uma boa visita.