História

Em Berlim, Bach foi reavivado para a posteridade

A Singakademie zu Berlin chama-se, hoje, Maxim Gorki Theater (Fonte: Wikimedia)
A Sing-Akademie zu Berlin chama-se, hoje, Maxim Gorki Theater (Fonte: Wikimedia)

Johann Sebastian Bach (1685-1750) não nasceu na Prússia, mas não deixou de influenciar a corte dos Hohenzollern. Na verdade, um de seus filhos, Carl Philipp Emanuel Bach, era um dos tantos músicos que tocavam junto do lendário Frederico II (1712-1786), o maior de todos os reis prussianos. O Rei Filósofo, como ele também é conhecido, tinha grande apreço pela música barroca e tocava flauta transversal, assim como chegou até mesmo a compor sonatas e concertos para flauta.

Porém, não chegou a hora de falar do Velho Fritz. Minha intenção com este post é mais falar da importância que tem a Sing-Akademie zu Berlin para a História da Música. Foi seu diretor, Carl Friedrich Zelter (1758-1832), que deu vida ao fenômeno de cultuar a música de Bach, tendo como das mais positivas consequências a transmissão de toda a riqueza e a virtuose de sua música para as gerações futuras. No dia 11 de março de 1829, o jovem Felix Mendelssohn Bartholdy dirigia o coro da Sing-Akademie na performance de uma das obras-primas do gênio musical nascido em Leipzig: sua “Paixão Segundo Mateus BWV 244”. Vale ressaltar: foi a primeira vez que a Paixão foi dirigida depois da morte do lendário músico. Sem dúvida, se não fosse esse movimento de dar relevância à musica de Bach, talvez nós jamais teríamos tido o privilégio de ouvir muitas de suas obras.

Unter den Linden, a suntuosa rua dos reis da Prússia, no de 1780 (Fonte: Bachhaus)
Unter den Linden, a suntuosa rua dos reis da Prússia, no de 1780 (Fonte: Bachhaus)

É interessante que a “popularização” da música sacra de Bach está igualmente ligada ao fato de que neste dia 11 de março de 1829, não apenas homens da Igreja puderam apreciar a performance da Sing-Akademie. Pela primeira vez, burgueses tiveram a chance de ouvir um concerto de música barroca. Apesar de estarmos falando de uma época monárquica na Alemanha, os ventos da Revolução Francesa sopravam em alguma instância por aqui. Não só isso: Bach passava a ser um símbolo do nascente nacionalismo alemão que culminaria em 1871 com a unificação do país.

Bach explora com esta obra todas as possibilidades, as potências dos instrumentos musicais, incluindo aí as vozes masculinas e femininas. Talvez seja o momento de realização do Todo da Música (com letra maiúscula). Ouvir Bach é concluir: ele é a Música e não há como falar dela sem passar por ele.

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