História

Na Unter den Linden, bela ponte revela passado bélico da Alemanha

Fonte: Tourispo
A Schloßbrücke é uma das mais belas de tantas pontes de Berlim. (Fonte: Tourispo)

O acesso à Unter den Linden, tendo como ponto de partida a bela Catedral Protestante e a Ilha dos Museus, se dá por meio de uma das pontes de Berlim que considero mais lindas, a Schloßbrücke. Concebida por Karl Friedrich Schinkel alguns anos após a passagem de Napoleão por Berlim, ou seja, depois de 1806, a Schloßbrücke já chegou a se chamar Ponte Marx-Engels nos tempos em que Berlim Oriental era a capital da extinta Alemanha Oriental. Sem contar que Schloß (essa letra tem som de dois ésses) significa palácio e entre 1963 e 2010 não havia qualquer palácio real para justificar seu nome. 

Não é o caso nos dias de hoje. Ali ao lado da “Ponte do Palácio”, a prefeitura de Berlim resolveu reconstruí-lo. Este deverá ficar pronto em 2018. Porém, mesmo sem sua reconstrução, a Schloßbrücke não deixaria de ser tão magnifíca. Eis o que a torna tão bela:

"Atena ensina o uso das armas", de Hermann Schievelbein (1853) (Fonte: Kudaba)
“Atena ensina o uso das armas”, de Hermann Schievelbein (1853) (Fonte: Kudaba)

Belas esculturas concebidas por importantes escultores prussianos da segunda metade do século XIX.

"Nike coroa o vencedor", de Friedrich Drake (1853) (Fonte: Kudaba)
“Nike coroa o vencedor”, de Friedrich Drake (1853) (Fonte: Kudaba)

A inspiração dos escultores são personagens da mitologia grega: Atena, Nike e Íris. 

"Nike levanta o ferido", de Wilhelm Wichmann (1853) (Fonte: InBerlin)
“Nike levanta o ferido”, de Wilhelm Wichmann (1853) (Fonte: InBerlin)

Iconografia bélica

A iconografia das esculturas da Schloßbrücke é claramente uma ode à guerra. A Unter den Linden é a imponente avenida de Berlim em que os monarcas prussianos, os Hohenzollern, contavam, por meio de símbolos, o seu passado e o porvir glorioso nas batalhas. 

"Nike ensina tradições heróicas a efebo", de Emil Wolff (1847) (Fonte: Kudaba)
“Nike ensina tradições heróicas a efebo”, de Emil Wolff (1847) (Fonte: Kudaba)

O século XIX é o século do romantismo alemão, do surgimento da Alemanha como nação. A História alemã é recontada através de figuras heróicas e não deixa de conter metáforas genealógicas que conectem o passado inspirador da Grécia antiga com o presente glorioso do poderoso Reino da Prússia.

"Íris conduz o herói caído ao Olimpo", de August Wredow (1857) (Fonte: Kudaba)
“Íris conduz o herói caído ao Olimpo”, de August Wredow (1857) (Fonte: Kudaba)

Prússia: “a raíz de todo o mal”

"Atena protege o herói", de Gustav Blaeser (1854) (Fonte: InBerlin)
“Atena protege o herói”, de Gustav Blaeser (1854) (Fonte: InBerlin)

Winston Churchill, para justificar a extinção da Prússia, fato que ocorreu em 1947, afirmava que foi o militarismo prussiano a raíz de todo o mal que conduziu a Alemanha ao nazismo… 

"Atena reconduz o jovem à batalha", de Albert Wolff (1853) (Fonte: InBerlin)
“Atena reconduz o jovem à batalha”, de Albert Wolff (1853) (Fonte: InBerlin)

Ao menos hoje, estas belas esculturas já não inspiram mais a Alemanha a desastrosas campanhas expansionistas, como a que, durante os anos de Adolf Hitler no poder (1933-1945), conduziu o país à ruína total. O que nos resta, portanto, é contemplar a beleza da ponte que torna a Unter den Linden ainda mais pomposa.

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