Frederico Guilherme, nascido em 14 de agosto de 1688, era filho único do primeiro rei da Prússia, Frederico I, e sua esposa, Sophie Charlotte. Seus primeiros anos de vida foram mais com sua avó materna, a princesa Sophie von Hannover. Com idade tenra, já possuía para si um comando militar. No dia da coroação de seu pai, em 1701, Frederico Guilherme recebe o título de Príncipe de Oranien. Cinco anos depois, casa-se com Sophie Dorothea von Brauschweig-Lüneburg. O casal teve 13 filhos! Em 1713 morre Frederico I e Frederico Guilherme I é coroado o segundo rei da Prússia. Sua primeira empreitada é a participação da Prússia na Grande Guerra do Norte. Vitórias diante do rei Karl XII, da Suécia, garantem novas terras a Brandemburgo: a Pomerânia Ocidental e Stettin. Depois de sua morte, seus restos mortais permaneceram até a II Guerra Mundial na Igreja da Guarnição, em Potsdam (destruída). Os nazistas, cientes da invasão russa e tementes a uma reação antimonarquista, resolvem levar o corpo de Frederico Guilherme I para o Burgo dos Hohenzollern, situado a aproximadamente 50km de Stuttgart. Apenas em 1991 é que seu corpo voltou novamente a Potsdam: mais precisamente no mausoléu da Igreja da Paz, no Parque Sanssouci.
Nenhum outro rei perdeu-se no meio de clichês como Frederico Guilherme I. Durante seu governo (1713-1740), muitos memoriais e monumentos – alguns deles ainda existentes – foram construídos. Deve-se ainda dar destaque para a construção do mais antigo hospital de Berlim, o Charité. Ele ainda promoveu uma reforma judicial no reino da Prússia que, junto à transparência das contas do reino mais a centralização da administração prussiana, testemunham de um espírito austero e disciplinado ligado ainda aos sentimentos de justiça e independência. Seus passos demonstravam claramente sua tendência protestante: nada de licenciosidade, desperdício ou gosto pelos prazeres mundanos. Logo que Frederico Guilherme I tomou o poder, a primeira medida por ele tomada foi arrumar as finanças da casa prussiana. Isso significava que dívidas estavam proibidas de serem acumuladas. Austeridade e limitação incondicional dos gastos diante dos ganhos do reino foram os princípios que nortearam sua política econômica. Era o próprio rei que, através de uma espécie de Câmara de Controle de Gastos, matinha sob controle as contas civis e militares da Prússia.
Frederico Guilherme I fundiu Estado e Forças Armadas
O que talvez seja bastante peculiar no governo de Frederico Guilherme I é a fusão do Estado com as Forças Armadas, o que leva à formação de uma forma única de absolutismo na Europa. Segundo o Rei Soldado (como era conhecido), a Prússia só se afirmaria como potência europeia através de uma política de reforço militar. Frederico Guilherme I conseguiu construir, com isso, o quarto mais numeroso exército do Velho Continente. Inclusive contando com homens de estatura incomum para a época: acima de 1,88m! Os conhecidos homens do Regimento da Infantaria No. 6. O que pode comprovar a implacabilidade do Rei Soldado é o processo contra seu filho e príncipe herdeiro Frederico II. Em 1730, com 18 anos, este havia tentado fugir para a Inglaterra na companhia de seu amigo Hermann von Katte da terrível disciplina imposta pelo pai. Foi somente através da intervenção do Imperador do Sacro Império Romano-Germânico que Frederico II escapou da sentença de morte de seu pai. Restou-lhe a masmorra de Kuestrin e a execução de von Katte em sua frente.
Há que analise a decisão de Frederico Guilherme I de condenar seu filho à morte como um ato de aproximação entre nobres e súditos. Apesar daquele ser um absolutista, fica claro que as leis deveriam ser cumpridas à risca. Trata-se, sem dúvida, de uma figura que nos faz pensar no que é ser alemão, sem querer generalizar, é claro… Frederico II, que se tornaria o maior rei da história da Prússia, escreveu as seguintes palavras sobre seu pai:
„Nunca houve nenhum homem que tenha sido tão talentoso no trato com os detalhes. Nas situações em que ele devia se ater aos pormenores, ele agia convicto de que isso lhe daria o acesso à sua pluralidade.”