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Quartier 206 reavivou a febre de compras de Berlim Oriental

A bela fachada do Quartier 206 (Fonte: Quartier 206)
A bela fachada do Quartier 206 (Fonte: Quartier 206)

A Friedrichstrasse é uma rua de muita história em Berlim. A cidade, que havia sido bastante destruída depois de 30 anos de guerra no século XVII (1618-1648), acabou passando por uma reurbanização de peso nos últimos anos daquele século, arquitetada pelo príncipe eleitor Frederico III que, em 1701, se autoproclamaria o primeiro rei da Prússia, o Estado desaparecido do mapa alemão em 1948. De terceiro, Frederico se torna primeiro e no afã de reestruturar a cidade, setoriza-a. Dois dos mais conhecidos destes “setores”, um ao norte da famosa Unter den Linden, e o outro, ao sul, recebem nomes bastante sugestivos: o primeiro, que fica do lado direito da Linden para quem está no sentido Portão de Brandemburgo, passa a se chamar Dorotheenstadt (literalmente “Cidade de Doroteia”, uma das esposas de Frederico I); o segundo, do lado esquerdo da Linden, é batizado de Friedrichstadt, ou seja, “Cidade de Frederico”.

É neste contexto que surge a “Rua Frederico” ou Friedrichstrasse. Com seus atuais 3,3 km, esta rua que divide os bairros de Mitte e Kreuzberg já foi um eixo de conexão entre as antigas porções capitalista e socialista da cidade, conexão esta feita pelo famoso Checkpoint Charlie. E algumas décadas antes do muro ser erguido em Berlim, mais precisamente nos anos da Belle Époque, os anos 20, a Friedrichstrasse era, junto com a Potsdamer Platz, um dos locais mais badalados da capital alemã. Eram muitos os bares, cafés, teatros e vaudevilles espalhados pela rua que cruza a Unter den Linden desde a Dorotheenstadt até as delimitações da Friedrichstadt.

A bela escadaria central do Quartier 206 e concebida pelo arquiteto Ieoh Ming Pei (Fonte: Panoramio)
A bela escadaria central do Quartier 206 e concebida pelo arquiteto Ieoh Ming Pei (Fonte: Panoramio)

Pois bem: saltamos para 1997. Apesar de já fazer 8 anos que não existe um muro que separe Berlim, os grandes investidores da Alemanha Ocidental ainda não se interessam pela revitalização comercial da Friedrichstrasse. Mas eis que a empresária Anne Maria Jagdfeld resolve criar uma luxuosa loja de departamentos na altura do número 71. Seu nome: Quartier 206. O magnífico prédio, de estilo art nouveau, foi concebido pelo apenas consagrado Ieoh Ming Pei, arquiteto chinês responsável pela famosa pirâmide que embeleza o Museu do Louvre em Paris, mas também, já postado aqui, Museu de História da Alemanha. E para quem está interessado em compras, o importante é também saber quais as lojas que integram os 8000 m² do Quartier 206. Dentre os nomes de maior destaque estão: Gucci, Cerruti, La Perla, Akkesoir, Louis Vuitton, Bottega Veneta, Brille 54 e muitos outros. Além do Quartier 206, pioneiro na “colonização comercial” da Friedrichstrasse, outras lojas de peso deslocaram-se para aquela área, fazendo do bairro Mitte, o centro, ter a mesma importância que teve nos anos da Belle Époque.

Caso você não esteja interessado/a em fazer compras, não pense que este post lhe é em vão. Pelo contrário! Na verdade, passear pela Friedrichstrasse já é um dos musts para quem visita Berlim. No entanto, eu diria que flanar por ela só tem mais requinte se você necessariamente tomar uns 15 minutos para perambular pelo Quartier 206. A surpresa não fica apenas por conta das lojas acima mencionadas, mas também pela sua bela decoração. Destaco a bela escadaria de Pei e também as instalações artísticas que estão sempre presentes nos corredores do edifício.

Boas compras!


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